terça-feira, 1 de maio de 2007

O casamento do Bante

O casamento do Bante

Bante era um jovem Paumari da aldeia Manissuã. Foi com ele que aprendi as lições básicas da selva amazônica como: remar, andar de canoa na mata de Igapó, comer peixe assado na beira do lago. Ao longo do tempo firmamos uma boa amizade. Apesar de Bante ser uma pessoa muito responsável e trabalhador, sofria de muitos complexos que foi sendo sarado à medida que ele conhecia mais o SENHOR JESUS. Aos poucos ele foi se tornando o líder da Igreja Paumari do lago Manissuã.
Bante estava passando da idade de um Paumari se casar. Mas na pequena aldeia onde morava, ele não estava vendo nenhuma menina comprometida de verdade com os valores do Reino de Deus que pudesse ser sua esposa. Então ele continuava orando e como na época eu também era solteiro, algumas vezes oramos juntos por este assundo.
Eu precisava fazer uma viagem até Porto Velho e convidei o Bante para ir comigo. Era a primeira viagem dele para uma cidade grande. Lembro-me que subindo o rio Purus, a bordo de um barco recreio por nome Rei Delcleciano, compartilhei com o Bante que Deus estava me dando uma esposa e que iria me casar com a Eliete. Então perguntei ao Bante se ele continuava orando pela esposa dele. Ele me respondeu: “Eu estou orando abençoando minha esposa no lugar onde ela estiver”.
Quando chegamos em Porto Velho, encontramos um grupo de Paumaris de uma outra aldeia localizada no rio Purus acima de Lábrea. Eles estavam fazendo um treinamento na missão Wiclify e o Bante logo se identificou eles: mesmo povo, mesma língua., mas há muito tempo não se tinha contato entre as duas aldeias. Eles convidaram o Bante para conhecer a aldeia deles, então arrumamos um lugar com o piloto da missão que iria levar os índios de volta depois do curso e o Bante voou com eles para a aldeia Mahaã.
Na aldeia tinha uma jovem por nome Zefinha, uma discípula muito querida das missionárias que trabalhavam lá. Zefinha estava orando por um esposo, mas parecia que na aldeia dela não tinha a resposta que ela tanto esperava. Ou seja um milagre precisava vir do céu. E num belo dia o pequeno avião da missão sobrevoou a aldeia e pousou na pista de grama trazendo um Paumari desconhecido entre aqueles que tinham ido para fazer o curso em Porto Velho: um jovem, solteiro e comprometido com o Reino de Deus. Podem imaginar o aconteceu?
Alguns meses depois eles se casaram, estabeleceram-se na aldeia Mahaã onde fazem parte da liderança da Igreja, têm três filhos e sempre escuto bons relatórios deles.
Este testemunho fica claro de como os princípios do Reino de Deus., quando colocado em prática, trazem resultados excelentes, independente da cultura ou do lugar geográfico. Bante e Zefinha são um exemplo daqueles que esperam no SENHOR e puderam ver Deus honrando aqueles que perseveram nos valores do Reino de Deus.

Por
Luiz Paulo Gomes

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