segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Oportunidade nas tragédias

Tisunames, terremotos, maremotos, inundações, secas, furacões, aquecimento global... Essas são notícias cada vez mais freqüentes na mídia. E seja pela Bíblia ou por previsões da ciência, sabemos que elas deverão aumentar em intensidade. Isto significa milhares de pessoas em situações de calamidade, que num momento perdem bens, saúde, parentes, amigos, se tornam desabrigados. Os meios de comunicação dão ênfase no momento do acontecimento e perdem intensidade em poucos dias, deixando no esquecimento a tragédia alheia.
Não se trata de ter um pensamento fatalista como “ o que há de ser será” mas sim de nos colocarmos diante do SENHOR e conseguirmos enxergar oportunidades no meio das tragédias. Oportunidades para servir, ministrando o amor de Deus de uma forma prática e compartilhando o Evangelho do Senhor Jesus em meio a dor e a perda. Como a Igreja de Jesus está se preparando para isso? Podemos pensar numa equipe treinada para atuar em situações de emergência, uma equipe de cristãos que vão construindo uma história ao ponto de serem requisitados para atuarem nestas situações. São muitas as oportunidades na área de saúde, construção civil, saneamento, pastoral e etc. Lembrando que o Brasil não está imune a estas tragédias e a dor pode não ser tão alheia assim. Nosso vizinho Peru sofreu com um terremoto que foi sentido em Manaus. Deixou de ser notícia em poucos dias. Mas a situação lá ainda é de calamidade.
Já pensou numa equipe bem coordenada para agir em situações como esta? Será isto um ministério viável? Será que Igrejas poderiam nascer do trabalho de equipes assim?

Indios do Brasil

índios do Brasil

Será que eles precisam de Jesus? Será que eles têm pecado? Será que o contato com o homem não índio atrapalha a cultura deles?

Se queremos ser efetivos no discipulado de etnias, temos que responder algumas questões como estas. Pois existe muita gente nas igrejas que têm uma idéia romântica dos índios: vivendo sem pecado, sem malícia, guardiões da floresta, sábios no uso das plantas medicinais, auto-suficientes em sua cultura. Mas a realidade não é essa. Temos que pensar nos índios, independente de sua etnia, como seres humanos. Então, na essência são exatamente iguais a qualquer ser humano no planeta, herdeiros da mesma natureza pecaminosa. Nas tribos acontecem os mesmos tipos de pecados que conhecemos, embora num contexto diferente.
Se passarmos a olhar as etnias indígenas do Brasil com esses olhos, poderemos ter mais esforços no trabalho entre tribos e não focalizar somente em janelas como 10/40... O trabalho entre tribos e feito de uma forma lenta e não dá resultado de milhares de convertidos como as mega igrejas desejam. Gastar 30 anos com um grupo de 80 a 100 pessoas parece influtífero, pois campanhas de evangelismo pode ganhar milhares em alguns dias. Mas essas 80 a 100 pessoas representam uma nação inteira que estará diante do Trono do Cordeiro.
JOCUM Brasil tem verdadeiros heróis na fé dando suas vidas para alcançar estas etnias. Mas o desafio ainda é muito grande. Não apenas na selva mas nos tribunais, nas decisões em Brasíla, na mobilização do Corpo de Cristo. Acesse www.vozpelavida.blogspot.com e www.jocum.com.br Assista o filme “Terra Selvagem”. Leia o livro “Chamado Radical” de Bráulia Ribeiro.

domingo, 14 de outubro de 2007

Escolha Sábia

Eu estava com minha irmã Céia na Santa Casa de BH. Ela já estava a 3 semanas internada realizando vários exames, e era a minha vez de dar plantão com ela. Eu estava olhando para ela e chorando, imaginando se a veria ainda com vida na próxima vez que fosse à BH (nós viajaríamos no dia seguinte para Curitiba, no mês de agosto).Durante quase todo esse tempo ela estava desorientada, devido à encefalopatia hepática, decorrida da cirrose. Não falava coisa com coisa, e nós não podíamos nem conversar sobre a decisão que ela havia feito por Jesus antes de ser internada.
Enquanto ela dormia sedada pela morfina, no meio de minhas lágrimas ela abriu os olhos e sorriu para mim. Percebi que ela estava lúcida e cheguei bem perto do seu ouvido e falei:
- Céia, Jesus está preparando um lugar bem bonito para voce.
- Eu creio nisso - ela falou.
- Nesse lugar não tem doença, nem dor, nem tristeza, nem lágrimas e a gente vai se encontrar lá.
- Eu creio nisso - ela falou novamente e continuou no seu sono.
Meu coração se encheu de alegria! Eu terminei o plantão e viajei no dia seguinte com a convicção de que ela estava salva.
Duas semanas depois sela recebeu alta. Não porque ela estava melhor, mas porque não havia mais nada a ser feito por ela. Continuava desorientada na casa de minha outra irmã, porém se alimentava melhor e chegou até a ganhar alguns quilinhos! Dez dias depois ela teve uma hemorragia digestiva e perdeu muito sangue. Um dia depois da internação ela entrou em coma e foi nesse dia que eu cheguei de volta à BH. Não pude mais conversar com ela nos plantões seguintes, pois quatro dias depois ela morreu: dia 07 de setembro às 12:55 hs, um dia depois do meu aniversário. Eu havia pedido ao Senhor para não permitir que ela morresse no dia do meu aniversário e Ele me atendeu.
No dia do sepultamento, reuní forças no Senhor e dei uma palavra antes de irmos para o cemitério.
Em Dt 30:19e20 está escrito: "Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a Ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó."
A Céia foi alguém que, ao longo de sua vida, fez muitas escolhas erradas. O fato de morrer prematuramente aos 47 anos (ela completaria 48 em outubro), era conseqüência de algumas dessas escolhas: alcoolismo e tabagismo por mais de vinte anos. Sofreu com a morte do marido, a morte de seus três filhos em menos de dois anos por causa do tráfico de drogas, a prisão da filha caçula por tráfico de drogas e a quebra de relacionamento com a filha mais velha. Mesmo assim, nunca quiz dividir com o Senhor Jesus as dores. Orávamos muito por ela e sempre falávamos sobre Jesus, sem nenhuma resposta positiva de sua parte.
Quando estávamos aguardando o resultado da biópsia da ferida na boca em Vitória, ela estava muito preocupada e me perguntou se eu achava que era câncer. Eu lhe respondi que poderia ser mas o mais importante era que ela cuidasse de seu espírito, visto que do seu corpo até aquele momento ela não havia cuidado.
Fiquei com ela durante todo o tempo em Vitória fazendo exames e depois indo para BH, onde ela ficaria na casa de minha outra irmã (minha mãe não queria vê-la muito doente e muito menos morta).
Foi nessa época em BH que ela fez a melhor escolha de toda sua vida: aceitou a Jesus como seu salvador.
Assim é o nosso Deus: mesmo depois de uma vida de escolhas erradas, escolhas para a morte, Ele respeita nossas escolhas acertadas para vida. Sua misericórdia evita que recebamos aquilo que merecemos e sua graça nos dá aquilo que não merecemos.
Louvo ao Senhor por Ele ter dado à Ceia oportunidade e tempo de fazer sua escolha pela vida. E por não ter levado em conta o tempo de ignorância, mas aceito sua escolha pela vida.
Agradeço ao Senhor também por ter me dado o privilégio de estar ao lado dela desde o início de sua enfermidade e de poder cuidar dela nesse tempo. Louvo também ao Senhor por ter me dado a confirmação de sua salvação naquela nossa última conversa nossa no hospital.
Agradeço também à cada um de voces que orou por mim e por minha família nesse momento tão doído de perda.
Dia 07 de outubro fará um mês que a Céia partiu para estar com o Senhor. Mas sei que, devido à escolha sábia que ela fez, nossa separação será apenas momentânea.
Estejam orando juntamente conosco pela minha mãe, pois a Céia era sua companheira e no momento está tendo sintomas de depressão.
No amor do Pai
Eliete